terça-feira, 31 de janeiro de 2017


O PERJÚRIO

 




A sociedade como um todo vive sob mecanismos de sustentação, os quais são capazes de manter a continuidade da convivência social, sem o que, induvidosamente, a vida em grupo se tornaria insuportável e até mesmo impossível.

 

Nas últimas décadas o homem se desenvolveu e se multiplicou sob a face da terra, chegando ao ponto atual depois que a ciência se desenvolveu, de se adaptar às novas regras estabelecidas. Basta lembrar que somente no último século foi que a população mundial conseguiu dobrar o seu total várias vezes.

 

Daí porque, cada instituição, no particular, para que pudesse existir e garantir aos seus participantes o mínimo necessário daquilo que se propôs, buscou estabelecer regras que pudessem assegurar a todos a inviolabilidade, os segredos internos, a privacidade, o bem estar, os benefícios e tudo o mais de sua especificidade.

 

No caso específico da Maçonaria, tais regras não foram relegadas, muito pelo contrário, foram implementadas em um arcabouço de normas e princípios que lhe são próprios, os quais servem para a orientação do maçom. Essas disposições se apresentam na forma escrita em seus mais diversos diplomas legais, mas, também, na forma consuetudinária e que são seguidas e transmitidas de geração a geração.

 

Diante dessa rápida amostragem, e, focado nos fatos que vem acontecendo nos dias atuais no meio maçônico, notadamente com a questão defendida por muitos a respeito da abertura das lojas; por alguns não maçons – os “goteiras”, sobre a revelação dos segredos da Instituição através dos meios de comunicação de massa; e, por ultimo, com a revelação a profanos dos assuntos sigilosos tratados nas reuniões fechadas, forçoso é reconhecer que algo está errado e é preciso por um basta nessa situação.

 

Com efeito, embora todos os fatos mereçam muita atenção por parte dos maçons, nos ocuparemos neste momento da abordagem desse último tema, qual seja, o do perjúrio, ora praticado por alguns. Todos sabem que aquilo que se discute dentro de uma loja maçônica não pode ser revelado lá fora, nem mesmo aos irmãos que não participaram da reunião, exceto se o Venerável Mestre assim o deliberar. Ora, se assim o é, toda a vez que alguém descumpre essa regra comete perjúrio. E o que é perjúrio?

 

Perjúrio é jurar falso, quebrar o juramento feito. Então, quem jura dentro da loja não revelar os segredos maçônicos e assim não cumpre, rigorosamente está cometendo esse deslize e, no dizer de uma daquelas regras mencionadas, deve cumprir o ritual de quem está à ordem, naturalmente dentro do seu grau… “por não ter sido capaz de guardar um segredo que lhe foi confiado”. A Maçonaria sempre foi respeitada pela qualidade, postura moral e ética dos seus membros, pelos segredos milenarmente mantidos.

 

Seguramente, toda a vez que um assunto interno é revelado ao profano, ou, repita-se, aos irmãos que não participaram da reunião, o desgaste da instituição é evidente, sem se falar do desconforto do irmão que foi citado em determinado episódio.

 

Não é aceitável que um assunto trazido em loja por um irmão seja motivo de especulação profana, levando-o a ser alvo de comentários nas ruas e até mesmo de ser atingido moral e fisicamente. Os efeitos nefastos de um perjúrio vão além do que possamos imaginar, e isso não se pode tolerar.

 

Quem não tem condições de viver em uma sociedade séria como a Maçonaria, dela deve se licenciar (afastar mesmo), sob pena de, com suas faltas, ter seu comportamento levado à apreciação do Egrégio Tribunal de Justiça Maçônico, a quem compete deliberar sobre a matéria.

 

Concluindo, ao perjúrio advirão efeitos e consequências indesejáveis, todavia, a fala do momento não tem o condão de ser inquisitiva, muito menos, um caráter de estimular censura ou punição a qualquer irmão, até mesmo, porque desconhecemos quem assim procede, mas, tão somente, como um alerta a todos nós contra fatos de tamanha gravidade.

 

Que o G.’.A.’.D.’.U.’. ajude-nos.

 

 Ir.’. Adilson Miranda de Oliveira
LOJA MAÇÔNICA OBREIROS DO AREÓPAGO Nº 33
IBICARAÍ-BAHIA

 

 


 

Petição do Aprendiz

Bezerra de Menezes

 

Senhor Jesus!

Deste-nos a conhecer a grandeza do bem,

Ensina-nos a praticá-lo.

Quando não possa oferecer-te o serviços excelente, orienta-me para que eu faça o melhor ao meu alcance.

No entanto, se as circunstâncias estiverem contra os meus propósitos, ampara-me a fim de que entregue o bom trabalho.

Se isso, porém, não me for concedido, em vista das imperfeições que carrego, permita-me confiar-te o meu esforço sofrível.

No entanto, Mestre, se ainda aqui estiver sob impedimento para concretização do meu desejo, auxilia-me a trazer-te a migalha de bem que eu puder, mas, de qualquer modo, rogo-te, Senhor, para que me livre da inércia e que, embora em me arrastando, consiga algo aprender para servir-te, servindo ao próximo, hoje, agora e sempre.

Assim seja.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017


CONQUISTA  DA  PAZ

 

Emmanuel

 

Procuras a paz...

Obterás semelhantes benção...

Não retendo excessos de recursos amoedados sem utilidade...

Não fugindo às obrigações com as quais te comprometeste...

Não cultivando rebeldia, menosprezando o trabalho que te sustentas...

Não mergulhando os próprios sentimentos em paixões desenfreadas...

Não com a indiferença pelas necessidades e provações dos companheiros da caminhada humana aos quais a própria vida te pede considerar e auxiliar...
A paz virá ao teu encontro, e residirá contigo, sempre que te mantenhas na consciência tranquila, sobre os alicerces do teu próprio dever retamente cumprido.

sábado, 28 de janeiro de 2017


Maçonaria – Uma História sem Mistérios
Detalhes
Escrito por A Jorge
Organizações de ofício, as precursoras
Desde que o homem deixou as cavernas e as suas vivendas de nómada, sedentarizando-se e formando uma sociedade estratificada, surgiram os profissionais dedicados à arte da construção, os quais foram se aperfeiçoando, não só na ereção de casas de residência, mas, também, na de templos, de obras públicas e obras de arte. Embora tivessem, esses profissionais, desde os seus primeiros tempos, mantido, entre si, certa camaradagem e um sentimento de agregação, não havia, na realidade, uma organização que os reunisse, que regulasse a sua atividade e que lhes desse um maior sentido de responsabilidade profissional.
Foi no Império Romano do Ocidente, da Roma conquistadora, que, em função da própria atividade bélica, surgiu, no século VI a.C., a primeira associação organizada de construtores, os Collegia Fabrorum. Como a conquista das vastas regiões da Europa, da Ásia e do norte da África, levava à destruição, os collegiati acompanhavam as legiões romanas, para reconstruir o que fosse sendo destruído pela guerra. Dotada de forte carácter religioso, essa organização dava, ao trabalho, o cunho sagrado de um culto às divindades. De início politeísta, tornou-se, com a expansão do cristianismo, monoteísta, entrando, porém, em decadência, após a queda do Império Romano do Ocidente, ocorrida em 476 d.C., embora persistissem pequenos grupos da associação no Império Romano do Oriente, cujo centro era Constantinopla.
Na Idade Média é que iria florescer, através do grande poder da época, a Igreja, a hoje chamada Maçonaria Operativa, ou Maçonaria de Ofício, para a preservação da Arte Real entre os mestres construtores da Europa. Assim, a partir do século VI, as Associações Monásticas, formadas, principalmente, por clérigos, dominavam o segredo da arte de construir, que ficou restrita aos conventos, já que, naquela época de barbárie, quando a Europa estava em ruínas, graças às sucessivas invasões dos bárbaros, e quando as guerras, os roubos e os saques eram frequentes e até encarados como fatos normais, os artistas e arquitetos encontraram refúgio seguro nos conventos.
Posteriormente, pela necessidade de expansão, os frades construtores começaram a preparar e a adestrar leigos, proporcionando, a partir do século X, a organização das Confrarias Leigas, que, embora formadas por leigos, recebiam forte influência do clero, do qual haviam aprendido a arte de construir e o cunho religioso dado ao trabalho.
É dessa época aquela que é considerada a primeira reunião organizada de operários construtores: a Convenção de York, ocorrida em 926 e convocada por Edwin, filho do rei Athelstan, para reparar os prejuízos que as associações haviam tido com as sucessivas guerras e invasões. Nela foi apresentada, para apreciação e aprovação, um estatuto, que, dali em diante, deveria servir como lei suprema da confraria e que é, geralmente, chamado de Carta de York.
Quase na mesma época, surgiriam associações simplesmente religiosas, que, a partir do século XII, formaram corpos profissionais: as Guildas. A elas se deve o primeiro documento em que é mencionada a palavra "Loja", para designar uma corporação e o seu local de trabalho. As Guildas e sua contemporânea, a organização dos Ofícios Francos, foram as principais precursoras da moderna Maçonaria. O seu nome "Gild", de origem teutónica, deriva do título dado, na antiga região da Escandinávia, a um ágape religioso, durante o qual, numa cerimónia especial, eram despejados três copos de chifre (chavelhos), conforme o uso da época, cheios de cerveja, sendo um em homenagem aos deuses, outro, pelos antigos heróis, e o último em homenagem aos parentes e em memória dos amigos mortos; ao final da cerimónia, todos os participantes juravam defender uns aos outros, como irmãos, socorrendo-se mutuamente nos momentos difíceis. As Guildas caracterizavam-se por três finalidades principais: auxílio mútuo, reuniões em banquetes e autuação por reformas políticas e sociais. Introduzidas na Inglaterra, por reis saxões, elas foram modificadas por influência do cristianismo, mas, mesmo assim, não eram bem aceitas pela Igreja, que não via com bons olhos a prática do banquete, por suas origens pagãs, e a pretensão de reformas políticas e sociais, que pudessem, eventualmente, contribuir para diminuir os seus privilégios e os privilégios das corporações sob a sua protecção. Assim, para evitar a hostilidade da Igreja, cada guilda era organizada sob a égide de um monarca, ou sob o nome de um santo protetor.
No século XII, associada às guildas, surgia uma organização de operários alemães, os Steinmetzen, ou seja, canteiros, que, sob a direção de Erwin de Steinbach, alcançariam notoriedade, quando este conseguiu a aprovação de seus planos para a construção da catedral de Estrasburgo e deu um aperfeiçoado sentido de organização aos seus obreiros. Canteiro é o operário que trabalha em cantaria, que esquadreja e trabalha na escultura da pedra bruta; cantaria (palavra derivada de canto) designa a pedra lavrada para as construções.
Surgem os ofícios francos, ou franco-maçonaria
No século XII, também, iria florescer a associação considerada a mais importante desse período operativo: os Ofícios Francos (ou Franco-Maçonaria), formados por artesãos privilegiados, com liberdade de locomoção e isentos das obrigações e impostos reais, feudais e eclesiásticos. Tratava-se, portanto, de uma organização de construtores categorizados, diferentes dos operários servos, que ficavam presos a uma mesma região, a um mesmo feudo, à disposição de seus amos. Na Idade Média, a palavra franco designava não só o que era livre, em oposição ao que era servil, mas, também, todos os indivíduos e todos os bens que escapavam às servidões e aos direitos senhoriais; esses artesãos privilegiados eram, então, os pedreiros-livres, franco-maçons, para os franceses, ou free-masons, para os ingleses. Tais obreiros, evidentemente, tinham esses privilégios concedidos pela Igreja, que era o maior poder político da época, com grande ascendência sobre os governantes.
A palavra francesa "maçon", correspondente a pedreiro, converteu-se em "maison" (casa) e, também, embora só relativamente, em "masse" (maça, clava). Essa maça, ou clava, habilitava o porteiro a afastar os indesejáveis intrusos e curiosos. O pesquisador alemão Lessing, um dos clássicos da literatura alemã, atribui a palavra inglesa "masonry" (maçonaria) a uma transmissão incorreta. Originalmente, a ideia teria sido dada pelo velho termo inglês "mase" (missa, reunião à mesa). Uma tal sociedade de mesa, ou reunião de comensais, de acordo com a alegoria da Távora Redonda, do rei Artur, poderia, segundo Lessing, ainda ser encontrada em Londres, no século XVII. Ela se reunia nas proximidades da famosa catedral de São Paulo e, quando sir Christopher Wren, o construtor da catedral, tornou-se membro desse círculo, julgou-se que se tratava de uma cabana dos construtores, que estabelecia uma ligação de mestres construtores e obreiros; daí, então, ou seja, dessa suposição errada, é que teria se originado o termo "masonry", para designar a sociedade dos construtores.
Uma explicação para o termo inglês "freemason" (pedreiro livre) está ligada ao termo "freestone", que é a pedra de cantaria, ou seja, a pedra própria para ser esquadrejada, para que nela sejam feitos cantos, que a transformem numa pedra cúbica, a ser usada nas construções. As expressões "freestone mason" e "freestone masonry", daí surgidas, acabaram sendo simplificadas para "freemason" (o obreiro) e "freemasonry" (a actividade). Esta é uma hipótese mais plausível do que a de Lessing, que só considerou o caso particular da Inglaterra, quando se sabe que não foi só aí que existiu uma íntima ligação com o trabalho dos artífices da construção.
Nessa fase primitiva, porém, antes de, propriamente, se ter iniciado a formação de Lojas, quase que não se pode falar em Maçonaria no sentido que ela adquiriu na fase moderna, pois, sobretudo, naquele tempo não podia ser considerada como uma sociedade secreta. O segredo não era, a princípio, mais do que o processo pelo qual um dos membros da irmandade reconhecia o outro. Diga-se a bem da verdade, que, na época atual, a Maçonaria já não pode mais ser considerada secreta, mas apenas discreta. Os segredos mais guardados e que persistem são, obviamente, apenas os meios de reconhecimento, reservados só aos iniciados, já que, de posse deles, um não iniciado poderia ter acesso aos templos maçónicos e às sessões das Lojas.
É criado o importante estilo gótico
Na metade do século XII, surgia o estilo arquitetónico gótico, ou germânico, primeiro no norte da França, espalhando-se, depois, pela Inglaterra, Alemanha e outras regiões do norte da Europa e tendo o seu apogeu na Alemanha, durante 300 anos. Tão importante foi o estilo gótico para as confrarias de construtores, que as suas regras básicas eram ensinadas nas oficinas dos canteiros, ou talhadores de pedra; tão importante que a sua decadência, no século XVI, decretou o declínio das corporações.
No século XIII, em 1220, era fundada, na Inglaterra, durante o reinado de Henrique III, uma corporação dos pedreiros de Londres, que tomou o título de The Hole Craft and Fellowship of Masons (Santa Arte e Associação dos Pedreiros) e que, segundo alguns autores, seria o germe da moderna Maçonaria. Pouco depois, em 1275, ocorria a Convenção de Estrasburgo, convocada pelo mestre dos canteiros e da catedral de Estrasburgo, Erwin de Steinbach, para terminar as obras do templo. A construção da catedral, iniciada em 1015, estava praticamente terminada, quando foi resolvido ampliar o projeto original e, para isso, foi chamado Erwin A essa convenção acorreram os mais famosos arquitectos da Inglaterra, da Alemanha e da Itália, que criaram uma Loja, para as assembleias e discussão sobre o andamento dos trabalhos, elegendo Erwin como Mestre de Cátedra (Meister von sthul).
Esclareça-se que, na época, os obreiros criavam uma Loja, fundamentalmente, para tratar de determinada construção, como é o caso dessa catedral. Tais Lojas serviam para tratar dos assuntos ligados apenas à construção prevista, já que, para outras reuniões, inclusive com obreiros de outras corporações, eram utilizados os recintos de tabernas e hospedarias, principalmente em solo inglês. A palavra Loja, por sinal, foi mencionada pela primeira vez em 1292, em documento de uma guilda . Loja, do germânico leubja (pronúncia: lóibja), através do francês lodge, designava o lar, a casa, o abrigo, o pátio, o alpendre e, também, a entrada de edifício, ou galeria usada para exposições artísticas e venda de produtos artesanais. As guildas de mercadores assim designavam seus locais de depósito e venda de produtos manufaturados, enquanto que as guildas artesanais adoptaram o termo para designar o seu local de trabalho, ou seja, as oficinas dos artífices.
Próximo desse tempo, ou seja, no século XIV, começava, também, a atuação do Compagnonnage (Companheirismo), criado pelos cavaleiros templários . Os membros dessa organização construíram, no Oriente Médio, formidáveis cidadelas, adquirindo certo número de métodos de trabalho herdados da Antiguidade e constituindo, durante as Cruzadas, verdadeiras oficinas itinerantes, para a construção de obras de defesa militar, pontes e santuários. Retornando à Europa, eles tiveram a oportunidade de exercer o seu ofício, construindo catedrais, igrejas, obras públicas e monumentos civis. A Ordem da Milícia do Templo, ou Ordem dos Templários, foi uma ordem religiosa e militar, criada em 1118, com estatutos feitos pelo abade de Clairvaux (São Bernardo). Adquirindo prestígio e riqueza, a ordem excitaria a cobiça do rei francês Filipe IV, cognominado "o Belo", que, com a conivência do papa Clemente V, conseguiu a sua extinção, em 1312, seguida da execução, na fogueira, de seu Grão-Mestre, Jacques de Molay, em 1314. Antes da extinção, necessitando, em suas distantes comendadorias do Oriente, de trabalhadores cristãos, os templários organizaram o Compagnonnage, dando-lhe um estatuto chamado Santo Dever, de acordo com sua própria filosofia.
No século XVI, a decadência das corporações de ofício
Já na primeira metade do século XVI, as corporações, diante das perseguições que sofriam - principalmente por parte do clero - e diante da evolução social europeia, começavam a entrar em declínio. Em 1535, realizava-se, em Colónia, uma convenção, que fora convocada para refutar as calúnias dirigidas pelo clero contra os franco-mações. Embora ela não tenha tido o brilho e a frequência de outras convenções, consta, embora tal afirmativa seja contestada, por carecer de comprovação, que, na ocasião, teria sido redigido um manifesto, onde era estabelecido o princípio de altos graus, que seriam introduzidos por razões políticas.
Em 1539, o rei da França, Francisco I, revogava os privilégios concedidos aos franco-mações, abolindo as guildas e demais fraternidades e regulamentando as corporações de artesãos. Em contrapartida, em 1548, era concedido, aos operários construtores, de maneira geral, o livre exercício de sua profissão, em toda a Inglaterra; um ano depois, todavia, por exigência de Londres, era cassada a autorização concedida, o que fazia com que os franco-mações ficassem na condição de operários ordinários, como tais sendo tratados legalmente. Em 1558, ao assumir o trono da Inglaterra, a rainha Isabel renovava uma ordenação de 1425, que proibia qualquer assembleia ilegal, sob pena dela ser considerada uma rebelião. Três anos depois, em Dezembro de 1561, tendo, os franco-mações ingleses, anunciado a realização de uma convenção em York, durante a festividade de São João Evangelista, Isabel ordenou a dissolução da assembleia, decretando a prisão de todos os presentes a ela; a ordem só não foi confirmada, porque lorde Thomas Sackville, adepto da arte da construção, estando presente, demoveu a rainha de seu intento, fazendo com que, em 1562, ela revogasse a ordenação de 1425.
Em 1563, a Convenção de Basileia, feita por iniciativa da confraria de Estrasburgo, organizava um código para os franco-mações alemães, o qual serviria de regra à corporação dos canteiros, até que surgissem os primeiros sindicatos de operários, no século XIX. Mas era patente o declínio das confrarias, no século XVI. A Renascença relegara o estilo gótico e a estrutura ogival das abóbadas - próprias da arte dos franco-mações medievais - ao abandono, revivendo as características da arte greco-romana. Assim, embora ela tivesse atingido a todos os campos do conhecimento e a todas as corporações profissionais, foi a dos franco-mações a mais afetada. No final do século, Ínigo Jones introduzia, na Inglaterra, o estilo renascentista, sepultando o estilo gótico e apressando a decadência das corporações de franco-mações ingleses. Estas, perdendo o seu objectivo inicial e transformando-se em sociedade de auxílio mútuo, resolveram, então, permitir a entrada de homens não ligados à arte de construir, não profissionais, que eram, então, chamados de Maçons aceitos.
Iniciava-se a transformação na Maçonaria atual
As corporações, evidentemente, começaram por admitir pessoas em pequeno número e seleccionadas entre os homens conhecidos pelos seus dotes culturais, pelo seu talento e pela sua condição aristocrática, que poderiam dar projeção a elas, submetendo-se, todavia, aos seus regulamentos. Era a tentativa de suster o declínio.
O primeiro caso conhecido de aceitação é o de John Boswell, lord de Aushinleck - ou, segundo J.G. Findel, sir Thomas Rosswell, esquire de Aushinleck - que, a 8 de Junho de 1600 foi recebido como Maçom aceito - não profissional - na Saint Mary's Chapell Lodge (Loja da Capela de Santa Maria), em Edimburgo, na Escócia. Esta Loja fora criada em 1228, para a construção da Capela de Santa Maria, destinando-se, como já foi visto, às assembleias dos obreiros e discussões sobre o andamento das obras.
Depois disso, o processo de aceitação, iniciado na Escócia, iria se espalhar e se acelerar, fazendo com que, ao final do século, o número de aceitos já ultrapassasse, largamente, o de franco-mações operativos. Os mais famosos nomes de "aceitos", na primeira metade do século XVII, foram: William Wilson, aceito em 1622; Robert Murray, tenente-general do exército escocês, recebido, em 1641, na Loja da Capela de Santa Maria e tornando-se, posteriormente, Mestre Geral de todas as Lojas do Exército; o coronel Henry Mainwairing, recebido, em 1646, numa Loja de Warrington, no Lancashire; e o antiquário e alquimista Elias Ashmole, recebido na mesma Loja e no mesmo dia (16 de Outubro) que o coronel Henry.
Em 1666, os franco-mações iriam recuperar parte do antigo prestígio, diante do grande incêndio, que, a 2 de Setembro daquele ano, aconteceu em Londres, destruindo cerca de quarenta mil casas e oitenta e seis igrejas. Nessa ocasião, os Maçons acorreram para participar do esforço de reconstrução, sob a direção do renomado mestre arquiteto Cristopher Wren, que, em 1688, viu aprovado o seu plano para reconstrução da cidade, sendo nomeado arquiteto do rei e da cidade de Londres. A obra principal de Wren foi a reconstrução da igreja de S. Paulo, em cujo adro se desenvolveria e se estabeleceria, em 1691, uma Loja de fundamental importância para a História da Maçonaria moderna: a Loja São Paulo (em alusão à igreja), ou Loja da taberna "O Ganso e a Grelha", em alusão ao local em que, como faziam outras Lojas, realizava suas reuniões de carácter informal e administrativo, como se verá adiante. A reconstrução de Londres só iria terminar em 1710.
E nascia a primeira Grande Loja
Como, na época, não existiam templos maçónicos - o primeiro só seria inaugurado em 1776 - os Maçons reuniam-se em tabernas, ou nos adros das igrejas. As tabernas, cervejarias e hospedarias desse tempo, principalmente na Inglaterra, tinham uma função social muito grande, como local de reunião e de troca de ideias de intelectuais, artífices, obreiros do mesmo ofício, etc. . A Loja da Cervejaria "The Goose and Gridiron" (O Ganso e a Grelha), ou Loja São Paulo, inicialmente formada só pelos Maçons de ofício que participaram da reconstrução de Londres, resolvia, em 1703, diante do número cada vez maior de Maçons aceitos, em todas as Lojas, admitir, a partir dali, homens de todas as classes, sem qualquer restrição, promovendo, então, uma reforma estrutural, que iria dar o arcabouço da moderna Maçonaria. A admissão, em 1709, do reverendo Jean Théophile Désaguliers , nessa Loja, em cerimónia realizada no adro da igreja de São Paulo, iria apressar o processo de transformação, já que Désagulliers iria se tornar seu líder e paladino.
A 7 de Fevereiro de 1717, Désagulliers conseguia reunir quatro Lojas metropolitanas, para traçar planos referentes à alteração da estrutura maçónica. Nessa ocasião, foi convocada uma reunião geral dessas quatro Lojas existentes em Londres, para o dia 24 de Junho daquele ano. Essa reunião foi realizada na taberna "The Apple Tree" (A Macieira), e as Lojas presentes foram, além da "O Ganso e a Grelha": a da Cervejaria "The Crown" (A Coroa), a da Taberna "Rummer and Grappes" (O Copázio e as Uvas) e a da Taberna "The Apple Tree" (A Macieira).
E, no dia 24 de Junho de 1717, como fora marcado, as quatro Lojas reuniam-se e criavam The Premier Grand Lodge (a Primeira Grande Loja), em Londres, implantando o sistema obediencial, com Lojas subordinadas a um poder central, sob a direção de um Grão-Mestre, já que, antes disso, as Lojas eram livres de qualquer subordinação externa, concretizando a ideia do "Maçom livre na Loja livre". Isso era, portanto, um fato novo e uma grande alteração - uma verdadeira revolução - na estrutura maçónica tradicional, o que faz com que esse acontecimento seja tomado como o divisor de águas, o marco histórico entre a antiga e a moderna Maçonaria, ou seja, entre a operativa, ou de ofício, e a dos aceitos, ou especulativa, sua forma moderna.
Prancha de Autor Desconhecido
 
 
 

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017


Dificuldades

 

 

É possível hajas despertado para a nova fé, sob enormes dificuldades.

Guardas, talvez, a impressão de quem se vê defrontado por asfixia num cipoal...

A primeira atitude, em favor da própria libertação – não te fixares nas crises e nos entraves e sim sair deles honrosamente pela aplicação ao trabalho nobilitante.

A Divina sabedoria nos confere o benefício da prova, para que venhamos a superá-la e assimilá-la, em forma de experiência, nunca no objetivo de confundir-nos ou arrojar-nos ao desalento.

Se te encontras doente, reflete na lição que te é concedida, valendo-te dela para edificar espiritualmente nos irmãos que te assistem e, sob a desculpa de que sofres mais que os outros ou de que tens pouco tempo de vida, não te demandes em excessos ou irritações.

Se te observas em pauperismo, não incrimines a ninguém pelo estado de carência que atravessas, nem te revoltes contra as vantagens que favorecem os outros, mas sim, ergue-te, em espírito, e, quanto possível, esforça-te para que a diligência no desempenho das próprias obrigações te faculte novas perspectivas de reabilitação e progresso.

Aceita o concurso alheio, que todos nós precisamos do entendimento e do amparo uns dos outros, no entanto, desenvolve os teus próprios recursos.

Não creias que possas desfruta, em caráter permanente, de benefícios que não plantaste.

A luz de um amigo clarear-te-á o caminho, por algum tempo, entretanto, se queres sobrepor-te definitivamente ao domínio da sombra, é forçoso possuas a tua própria lâmpada.

Obstáculos são desafios renovadores.

Ouvi-los e aproveitá-los é obrigação que a vida nos atribui.

 

EMMANUEL

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017


Escrito por J:.F:.

Maçonaria - Que Objetivos, Que Futuro?

Queridos II:.,

A - Introdução

No fundo, falar neste tema, é analisar a Maçonaria numa perspectiva da disciplina que estuda a "Evolução e Sobrevivência das Organizações".

Mas, se pensamos que estamos bem, porquê sequer pensar em analisar a situação:. Se calhar porque não estamos assim tão bem ou porque o segredo da longevidade das organizações está na sua capacidade de adaptação, á sociedade em que se inserem, no momento certo e na justa medida do necessário.

Todas as organizações tendem a adaptar-se, basta repararmos, por exemplo, que a missa já se diz em Português e o padre já não está de costas para os fiéis. Nós próprios já o fizemos também quando o nosso cariz passou a ser especulativo.

Decidi que, metodologicamente, a melhor maneira para abordar e desenvolver este tema seria subdividi-lo nos seguintes capítulos:

  • A - Introdução
  • B - O que somos
  • C - Onde estamos
  • D - Positivos e Negativos
  • E - Objectivos

e por último

  • F - Futuro (como conclusão)

Assim, passarei de seguida a abordar cada um destes capítulos:

B - O que somos

Fundamentalmente somos uma forma de vida e uma busca espiritual.

Somos uma instituição baseada na tolerância e na liberdade de pensamento

Temos milhões de membros em todo o mundo.

Temos princípios morais fortes e abrangentes

Temos características únicas para ser "a" entidade de referência.

C - Onde estamos

A Maçonaria, como qualquer organização humana, está sujeita a forças e influências externas, sobre as quais não tem nenhum controle. Cabe-nos a nós, saber identificar e interpretar essas forças para saber lidar adequadamente com elas.

Após o fim da segunda guerra mundial intensificou-se uma dinâmica que veio a alterar profundamente toda a sociedade ocidental.

A nível espiritual a segunda metade do século XX veio trazer um aumento exponencial a novas soluções de espiritualidade, que vieram permitir que nos dias de hoje se possa dizer que cada um pode ter a sua espiritualidade própria, quase feita por medida. Logicamente, com o aumento da "oferta", o número de insatisfeitos espirituais diminuiu, levando a que o nosso campo de recrutamento ficasse menor.

A evolução da técnica, por seu lado, veio criar um cada vez maior número de individualistas que se escondem por detrás dos ecrãs da televisão e do computador. Só espero que não tenhamos, um dia, que vir a fazer sessões de Loja, todos "on-line" na Internet.

O bem-estar social alcançado no mundo ocidental veio também reforçar a importância dos valores materiais.

A pressão da vida deixa-nos cada vez menos tempo livre.

A família, célula fundamental da nossa sociedade está erodida, o controle estatal sobre o cidadão está a aumentar. Isto é, foram-se criando condições para que, cada vez mais, cada um tenha menos tempo para si e se feche mais sobre si próprio.

A necessidade ou importância de entrar na Maçonaria tornou-se, por um lado mais importante, mas por outro, mais difícil de consciencializar como importante. Temos de ter consciência de que a concorrência para a ocupação dos tempos de lazer é cada vez maior. É preciso ser cada vez mais atractivo.

D - Principais Pontos Positivos e Negativos

Importa analisar quais os mais importantes no âmbito deste tema

Positivos:

  • Os nossos princípios fundamentais são os alicerces de uma sociedade saudável
  • Somos talvez "a" melhor Plataforma comum possível entre as várias confissões religiosas
  • Não há nenhum facto Histórico, que, se se provar que é falso, nos deixe em crise (o que não acontece com as maiores religiões).
  • •Encorajamos todos os II:. a aprofundar a sua religião

Negativos:

  • Utilização interna de relações maçónicas para obter vantagens
  • Imagem externa dos nossos objectivos e obras é quase nula
  • Segregação das mulheres
  • Elitismo - não sabemos ou não queremos atrair as classes menos cultas
  • Imagem de organização secreta
  • Dificuldade em agir como uma vontade somada de Lojas e Is:.
  • Ausência ou não divulgação de estratégias de recrutamento
  • Elevado número de ausências nas sessões de Loja

E - Objectivos

Estamos sempre a olhar para o futuro; o presente não nos satisfaz. Temos de ter presente que não é necessário mudarmos, basta que, se for preciso, nos adaptemos.

Assim, em minha opinião o principal problema que temos ao olhar para o futuro é o do nosso crescimento.

Não podemos, como até agora, ficar só á espera que os mais decididos se juntem a nós, temos que ir buscar os mais indecisos.

Assim, o ênfase deve ser posto em estratégias que promovam o Recrutamento e a Retenção de II:..

E é sobre estes dois pontos que deveríamos raciocinar e concluir sobre o que temos ou não que fazer.

No fundo, gostaria que pudéssemos olhar para o futuro seguindo políticas pró-activas.

Por mim parece-me fundamental que divulguemos de uma maneira eficaz os princípios que nos movem e o que fazemos em prol do bem comum.

Precisamos de mais novos e jovens Irmãos, temos que os atrair.

Para melhorar a nossa imagem temos de divulgar a nossa obra e é melhor divulgar 2 ou 3 boas obras, do que dezenas de pequenas obras.

Quantos Maçons não existem neste mundo, que não sabem o que é a Maçonaria:. É mais importante como um Maçon vive fora da Loja do que como vive lá dentro. Saberão o que têm de comum connosco?

Devíamos também ter programas de trabalho para os mais novos, de modo que fosse mais fácil esperar o assumir de responsabilidades dentro da Loja. Nem todos os nossos II:. São ritualistas.

Temos de lhes dar uma cada vez melhor e mais intensa formação e enquadramento, para não se tornarem meros espectadores.

F - Futuro (como conclusão)

Parece-me claro que as nossas opções são as de estagnar ou crescer e de que temos tudo nas nossas mãos para optar conscientemente, sendo que se não optarmos ou optarmos mal o nosso futuro é triste; só se optarmos bem é que poderemos ter uma nova dimensão no futuro.

Tenhamos a vontade de, pelo menos, discutir estes assuntos e decidir, espero que bem. Se o fizermos, vamos com certeza contribuir para um melhor futuro. E não nos esqueçamos de que temos uma excelente base ou ponto de partida para amanhã, que é o dia de hoje, porque "A Maçonaria não é necessariamente boa porque é antiga, mas é antiga porque é boa".

Disse, Venerável Mestre e todos os meus Irmãos!

J:. F:. - M:.M:. - Março 2005

Fonte: Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues